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patafísica ... 
é a ciência das soluções imaginárias 
não é uma ciência é a ciência que 
se estende para além da metafísica como metafísica além da física 
estuda as leis que regem as exceções 
lida com o particular eo fractais 
se opõe generalizações: cada coisa não está relacionada a uma generalidade, mas uma singularidade que faz com que uma exceção 
é imperturbável 
é a última coisa disponível 
é o depositário do princípio da equivalência: tudo faz a mesma coisa que 
está além das leis e regulamentos 
não é um comitê de saúde pública 
não quer salvar a humanidade 
é tudo eo contrário de tudo 
simbolicamente concede às características das propriedades dos objetos descritos em sua virtualidade 
é a ciência que nós inventamos porque não havia grande necessidade 
é por vocação minoria 
é inclusiva e não exclusiva 
é o fim dos fins P.QM por essas razões , não há problema, porque não existem soluções, a Terra não gira, oh feras! 's cabeça é redonda para permitir que as idéias para mudar o rumo de o Patafisica melhora o seu fim de semana o cálculo da superfície de Deus é igual a Zero Ha Ha UBU por Enrico Baj , Escritos sobre arte , AAA Edizioni, 1996 Festival de Veneza



A 'Patafísica é coisa séria




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Retornando em presente ausência.

Esta semana nos distanciaremos por um segundo dos iniciais aspectos históricos com os quais abrimos esta PATArubrica e procuraremos entrar no âmago da questão, onde a parte mais interessante estará no fato de que tudo aquilo que se afirmará, será Patafísico, por sua vez, absolutamente duvidoso e relativo, como qualquer coisa existente no mundo.(inclusive a tradução) "Só a imaginação mais ferrenha produz a realidade indiscutivel", diria provavelmente Baudrillard.(1)

Falamos anteriormente que a ‘Patafísica é a Ciência, a Ciência de todas as ciências, pois abrange todas elas. Um dos axiomas mais repetidos afirma que ela se estende além da metafísica, assim como esta se estende além da física(2), axioma sem duvida interessante, mas que abre novas perplexidades para os que não percebem as tênues divisões, sobretudo entre a metafísica e a ‘Patafásica.

Portanto, tentaremos ilustrar a delicada questão:

1 - A física estuda as generalidades próprias das coisas do mundo, os fenômenos naturais, assim como as leis que os regem, suas interações e suas interferências. Tudo isso aparece para a física através de modelos, esquemas, imagens, etc. Possui uma escala de valores muito precisa e quase imóvel. Logo, utilizando um exemplo, peguemos um objeto qualquer e o mantenhamo-lo suspenso, observamos por um segundo prevendo o que aconteceria se o soltássemos. Pronto, soltamos. Ele cai. A física nos fornece todo suporte para este evento e justifica que seria inevitável que o objeto não caísse.

2 - A metafísica se interroga e se preocupa com a existência das coisas no mundo(realidade), faz isso com toda a capacidade sensorial e acredita entende-la, se preocupa com a presença em um corpo como transcendência, logo, de sua existência ontológica. Retornando agora ao mesmo exemplo dado anteriormente (o objeto que cai), mantenhamo-lo outra vez suspenso, observamos. Soltamos novamente. Para a metafísica, neste caso, ele não se move realmente, permanece suspenso, dir-se-ia em uma auto reflexão. Existe somente o objeto e o mundo ao redor que o aceita e o renega, completando-o de significantes e significados.

3 - Eis a ‘Patafísica como o último elo que contêm em si todas as ciências, direciona-se para as exceções e para o particular, encontra-se além da metafísica, mas mantém todo o restoMais uma vez, retornemos ao objeto em nossas mãos,(que cai com as leis da física, e que permanece suspenso nas reflexões metafísicas), suspendamo-lo de novo.

Para a ‘Patafísica, ao solta-lo, ele não estaria “simplesmente” caindo, não poderia também permanecer suspenso. Patafisicamente, estaria tomando qualquer direção: de lado, obliquamente, para cima; poderia ser que estivesse desaparecendo e aparecendo, recompondo-se de modo intermitente e infinitamente, de modo a nos iludir de que está se movendo num mundo fluído.

Estas possibilidades se geram e se renegam continuamente a si mesmas, tanto que, se não reconhecêssemos nossa patafisicidade, os nosso sentidos continuariam a nos iludir, reconstruindo aquilo que convenientemente chamamos de “realidade”, que, como um jogo de espelhos, nos transforma continuamente em “objeto”, fazendo-nos cair no vazio(3) de esquecer que cada percepção é só uma pura solução imaginaria.

Só tomando consciência de sermos patafísicos é que podemos entender que aquele objeto não está caindo diante dos nossos olhos, mas sim que esta queda é só uma das infinitas soluções imaginárias dadas de um particular evento. A imaginação aqui, se abre não à fantasia desenfreada, mas exclusivamente às possibilidades infinitas e atemporais, que vão além das intuições metafísicas, além de nossos ilusórios sentidos, muito além de qualquer propriedade física desta nossa condição existencial.

(Quanto ao objeto do teste, provavelmente destruído por seguidas quedas, não assumimos nenhuma responsabilidade) HA! HA!

Resumindo nosso discurso com Ruy Launoir(4)“Não se trata de fazer reinar a ordem ou a desordem, mas de observar; a observação, como todos sabem, é o primeiro estágio da ciência, assim como da Ciência. A porta ‘Patafísica não se abre sobre o nada...”.

Aquilo que nos impede de encontrar algo atravessando esta porta é o conhecimento objetivo, e a ‘Patafísica não o esquece nunca. O seu fim não é se abrir sobre qualquer coisa proclamando ser esta coisa um fim em si mesma, mas sim de observá-la para encontrar o buraco de sua fechadura. Deixar-se ver o mundo não somente como ele é, mas sobretudo, como indica Launoir, evidenciar quanto esforço fazem os pensadores do nosso tempo para forjar sua chave. A ‘Patafísica não tem, portanto, nenhum fim, nem mesmo o de forjar novas chaves, mas se deixa observar através dos buracos de fechadura os universos suplementares, para nos tão necessarios.

Parece muito simples e compreensível agora, afirmar que a ‘Patafísica se nutre de uma atitude já arraigada e sempre existente no espírito humano e se perpetuo de maneira consciente ou inconsciente na mente humana. Falo desta atitude de desarmamento, de quem opõe a uma regra suas próprias exigências e existência, ou o direito de podê-la imaginar-se por si. Apressadamente se poderia correr o risco de confundi-la com um certo posicionamento anárquico, mas prestemos muita atenção, disso não existe nada em comum.

A ‘Patafísica surge irreverentemente irônica, mas não irônica logo de início, é sua prática que leva a uma irreverência constante e resulta irônica por natureza ou por defeito.  Logo, isso que parece contrastar com o correto, tem em si uma alma zombeteira que pretende fugir de uma lógica pré estabelecida. E é de profanações que são impregnados os grandes textos teatrais de Jarry, dedicados a Ubu Rei, com uma aparente e falsa ironia, que demole tudo através da arma da sobreposição e acumulo, e em igual medida promove um esvaziamento de todo senso de valor.

A ‘Patafísica é Cultura de coexistência em absoluto, de exceção interna e externa a todas as regras. Se preenche e se esvazia continuamente com um jogo de espelhos infinito, e como tal, torna-se esquiva, sendo exceção de si mesma. No entanto, esta não confunde o todo contrapondo o todo ao tudo, não cria a priori uma idéia inatingível como seu fim mas destitui a inatingibilidade da vida e si.
                                                                                                                     
Devolve a sensação ancestral de não ser capaz ter nas mãos, por mais de alguns minutos, um sentido; o sentido de qualquer coisa. Abre e expõe ao duplo, ao triplo, ao infinito, as probabilidades que as coisas têm ou não têm naquele instante. Deste modo, gera uma realidade continuamente em desequilíbrio, muito carregada de sentido, aquele sentido que, cujo renegar confirma constantemente, seja a verdade ou o falso, criando um instante em que se tem a sensação de tocar com as mãos o vazio, verdadeira completude que reconstrói um espaço cósmico.


Notas
1. Libera riflessione ricavata em (reflexão livre baseada em) "Il Patto di lucidità o l'intelligenza del Male" de Jean Baudrillard, pp. 186, editor Raffaello Cortina.

2. La Patafisica è la scienza di ciò che si aggiunge alla metafisica, sia in essa, sia fuori di essa, estendendosi così ampiamente al di là di questa quanto questa al di là della fisica. (A Patafísica é a ciência eu se junta à metafísica, seja dentro desta, seja fora desta, estando mesmo assim muito além desta, assim como esta está além da física.)
Alfred Jarry, Gesta e opinioni del dottor Faustroll, patafisico. Milão, Adelphi Ed., marzo 1984. Trad. It. de C. Rugafiori.

3. Trionfo dell'oggetto sul soggetto uomo discusso, de Jean Baudrillard, em Le strategie Fatali, Feltrinelli 1984.

4. Clefs pour la pataphysique, Régent de Cléidologie du Collège, Ruy Launoir. Ed. L'Héxaèdre, Paris 2005, p.22

Texto original: http://lnx.whipart.it/artivisive/7433/patarubrica-patafisica-ricciardi.html, de Giovanni Ricciardi, tradução livre de Bruno Bontempo.